Sala de Cinema

garota andava bufando pelos corredores, inconformada com seu futuro marido - Lembrando, contra a vontade dela -, ele realmente achava que Abigail era obrigada a fingir gostar dele. A ruiva nunca escondeu que era contra o casamento; sempre sonhou que casaria por amor, não apenas por questões politicas, sustentou esse sonho ate o rei de Inglaterra pedir a mão da princesa da França para seu filho Noach.

Precisava encontrar algo para distrair sua mente, para faze-la esquecer das palavras rudes do príncipe da Inglaterra, ele não fora nem um pouco educado com a ruiva; se estressou com a indiferença dela e a tratou mal, fazendo com que Abby virasse as costas e saísse andando, deixando o rapaz falando sozinho.

Decidiu ir para a sala do cinema, pois raramente havia pessoas ali, preferiam ir para a sala de jogos ou outras do tipo, filmes não prendiam a atenção de muitas pessoas. - Que vontade de dar na cara daquele infeliz. - Murmurou para si mesma, abrindo a porta do cinema. Demorou alguns segundos para que percebesse que havia alguém ali, e mais algum tempo para perceber quem era pessoa. - Eu não mereço isso. - Bufou, revirando os olhos.

bigail revirou os olhos para o rapaz, passou realmente pela cabeça dele que a ela o estava seguindo ou algo do tipo? Se sim, ele realmente precisava de ajuda psicologia. Nem se a vida dela dependesse disso, não iria atras de Noach, ainda mais depois de suas palavras grosseiras. - Espero, do fundo do meu coração, que você esteja apenas brincando e que não ache que eu vim atras de você ou te ver. - Bufou, respirando fundo enquanto tirava alguns fios ruivos do rosto, não podia perder a compostura. - É obra do engano, só pode.

Não havia nada melhor para se passar na televisão do que a relação sexual entre um leão e uma leoa enquanto você esta sozinha numa sala com seu noivo-não-por-opção. Foi um pouco difícil para Abby manter a postura seria, a situação era um tanto quanto engraçada. - Não, pode ficar. - Fazia um grande esforço para ficar séria, o príncipe, que foi tentar do canal, acabou aumentando o volume, fazendo-se ouvir a voz do locutor da matéria animalesca, não queria deixa-lo mais constrangido rindo, ele ja estava tão vermelho quanto um pimentão. - Acho que podemos ficar no mesmo ambiente sem brigar por algum tempo. Sabe, precisamos ir treinando. - Depois de ver as bochechas coradas do rapaz, toda a raiva se esvaiu da ruiva, não tinha como ficar brava com um ser tão bonito.

Balançou a cabeça para afastar tais pensamentos; só podia estar ficando louca. Desde quando achava Noach bonito? A palavra certa seria lindo, encantador, entre outros adjetivos. Novamente, balançou a cabeça, rindo consigo mesma, precisava começar a tomar remédios, isso só poderia ser alguma doença. Era a primeira vez que abaixava a guarda perto do rapaz, estava cansada de tantas patadas, respostas grossas e afins, ele não tinha culpa do casamento dos dois, era tão vitima quanto ela. - Só acho que podíamos assistir outro canal. - Se aproximou do noivo, para tomar o controle de sua mão e logo mais sentar-se num dos puffs do local.

o se acomodar no puff, Abigail começou a zapear pelos canais, procurando alguma programação decente, que não tenha como protagonista animais coitando. Deixou em um filme bem antigo, a Entidade, antes de voltar sua atenção para o noivo, que havia arrastado seu puff para perto da garota. - É claro que eu sei sorrir. - Ela revirou os olhos, mas manteve um sorriso singelo nos lábios - Só não faço muito isso na sua frente. - Deu de ombros, encarando o rapaz.

Noach fez-lhe uma pergunta que a fez refletir. Ponderando o que devia ou não devia contar, revelar que era uma bruxa estava fora de questão, tendo em vista que o noivo era um caçador de bruxas, assim como ela. Resolveu por fim contar coisas banais, que não pudessem compromete-la. - Acho muito importante você saber que minha cor favorita é azul. - Começou, enrolando uma mecha de cabelo nos dedos, não iria reclamar da pergunta, afinal, deviam se conhecer levando em consideração que iriam se casar e conviver juntos pelo resto de suas vidas. - Aposto que nenhum blogueiro fofoqueiro sabe que eu tenho medo de bonecas. E nem que tenho pavor de muitos animais, principalmente os que voam. - Parou, pensando no que mais contar, havia tantas coisas para falar, afinal, mal se conheciam. - Eu tenho uma cadela e um lagarto, Lua e Eddinho, respectivamente. - Virou de costas para o rapaz, ainda sentada e prendeu os longos cabelos ruivos em um coque, deixando visível a tatuagem que tinha ali, poucas pessoas sabiam da existência dela ou das outras duas. - Eu tenho três tatuagens. Essa da nuca, um pouco acima do quadril, a frase " l'essentiel est invisible pour le yeux. ". É um trecho do livro O pequeno príncipe, significa "O essencial é invisível aos olhos". E uma na altura do sutiã, outra frase, "aimer et etre aime". Significa Amar e ser Amada. - Soltou o cabelo e voltou a se virar para o principe. Ocultou a informação de que todas foram escondidas de seus pais, eles não apreciavam esse tipo de coisas - Eu já falei demais, agora é a sua vez. Me surpreenda. - Abby sorriu, pela primeira vez desde que conhecera Noach, estavam tendo uma conversa civilizada, sem ironia ou sarcasmo, isso era uma evolução.

orriu sem graça para Noa, não que já não estivesse acostumada a elogios, mas o do rapaz soara realmente verdadeiro e não puxação de saco, como as outras pessoas faziam, elogiavam-a para bajula-la, para conseguir algo ou apenas por ela ter o titulo de princesa. - Agora que estamos começando a nos entender, acho que você vera ele com mais frequência. - Exibiu seu melhor sorriso, consciente de que suas bochechas, muito provavelmente, teriam adquirido alguns tons de vermelho.

Noach passou a relatar coisas que julgava importante para Abigail, que se prendia a cada palavra, realmente interessada em saber quem era o homem que iria casar. - Sinto muito por estragar seus planos com a rainha lasanha. Acho que terá que se contentar com a princesa da França. - Apontou com pesar, fingindo estar triste com a noticia. - Acho que temos ao menos alguma coisa em comum. Eu morro de medo de altura. - Confessou, sorrindo para o príncipe. Mesmo não admitindo, Abby estava adorando compartilhar o espaço com Noach, amando descobrir mais sobre seu noivo que havia evitado por tanto tempo.  

Se inclinou para observar a cicatriz mais de perto, tocou-a levemente com a ponta dos dedos, imaginando como é que ela havia parado ali. - Me conte a historia por traz dela.

ratou de ignorar o rubor em suas bochechas, não era como se nunca houvessem feito uma reverencia diante dela, não tinha porque sentir vergonha. Ou era disso que ela tentava se convencer. - Realmente, a honra de ver um sorriso meu é muito grande. - Revirou os olhos exasperadamente, mas mantendo um sorriso amigável.

Segurou a risada com a falsa indiferença de Noach, empinou o nariz e jogou o cabelo para o lado, fazendo sua melhor cara de desdem - Aposto que sou muito melhor que essa rainha lasanha. -  Voltou a jogar os cabelos ruivos, entretanto, não conseguiu manter a cara de desdem por muito tempo, caiu na risada quando o rapaz citou as semelhanças entre eles - Realmente, temos 5 dedos em cada mão, um nariz, uma boca, duas orelhas. Não pode ser coincidência. -  Acrescentou, tentando prender a risada. Estava surpresa por estar tão confortável na presença de uma pessoa que a pouco tempo ela queria matar. Percebeu, naquele pouco que conversaram, que seu futuro marido não era ruim, era um rapaz engraçado, agradável, Abigail chegou a se culpar por não ter dado uma chance para ele se aproximar antes, mas é claro que nunca contaria isso, era orgulhosa demais.

Não devia, mas riu brevemente com a historia de Noach. - Bem, historias sobre príncipes e princesas sempre nos ilude. Te garanto que se beijar um sapo, ele não ira virar o príncipe e ser o amor da sua vida. - Balançou uma mão, em forma de desdem. É claro que Abby nunca havia beijado um sapo, mas tentara transformar um em humano com seus poderes, não deu muito certo. - Sabe, o que conta é a coragem. E você teve muita quando subiu na torre. Eu ja contei que tenho medo de altura? - Acrescentou ao ver o príncipe abaixar a cabeça, como se esperasse seu julgamento, mas quem era ela para julgar algo? Tinha em seu historio mais burradas que acertos.

oltou a balançar os longos cabelos ruivos, fazendo sua melhor cara de soberba. - Eu te garanto, não tem como uma lasanha me superar. - Abigail riu novamente, mas dessa vez foi por algo um tanto quanto inapropriado que se passou por sua cabeça, algo do tipo " Lasanhas você só pode comer um dia, já eu...". Um pensamento estranho para quem nunca sequer beijou, muito menos sonhou em chegar perto de partir para os finalmentes. Abby era recatada, tranquila e inocente, ao contrario de Noach, ouvia-se apenas boatos negativos sobre o príncipe e suas inúmeras noites de bebedeiras.

Tais pensamentos fizeram com que o sorriso da garota vacilasse; não queria ter um casamento de aparências, não gostaria de viver uma coisa na frente das pessoas e por trás a historia ser outra. Não queria ter que ler matérias sobre as traições do marido, sobre saídas constantes, sem sua companhia. Entretanto, sabia que não tinha outra opção senão casar com o príncipe da Inglaterra, esse era seu destino, não havia para onde correr. Mas Abigail ainda podia fazer alguma coisa, não? Noach parecia ser uma pessoa fácil de conviver, gentil, engraçado e educado - Nada do que a mídia passava sobre ele -, poderia ser fácil para ela se apaixonar por ele, seu único trabalho seria faze-lo se apaixonar. Naquele momento, olhando para os olhos castanhos do noivo, percebeu que estava disposta a fazer dar certo, que lutaria para que desse certo, afinal, era lutar ou aceitar as futuras traições que viriam junto de um casamento de aparências.

Afastou os pensamentos sobre o futuro, passando a se concentrar no presente que vivia naquela sala de cinema, concentrando-se na primeira conversa civilizada que tinha com seu futuro marido, ficando concentrada no quanto ele parecia confortável com sua presença, e no quanto que o conforto era reciproco. - Eu realmente tenho medo de altura. Tenho medo ate de subir escadas. - Confessou corada, se ajeitando no puff, era vergonhoso para ela assumir que tinha medo de algo tão comum no dia-a-dia das pessoas. - Ah, já disse que tenho tripofobia? E é do tipo grave. Tenho pavor, repulsa, aversão, ou qualquer outra palavra que você queria usar a qualquer coisa que tenho um padrão irregular de furos, ou circulos. Ate mesmo as borbulhas que alguns líquidos fazem ao serem submetidos a uma alta temperatura me causa agonia.  

iu do comentário de Noach, não se sentira nem um pouco ofendida, realmente era uma fobia estranha, não podia negar que era esquisita. Afinal, era uma bruxa, isso já era motivo suficiente para ser chamada de estranha. - Tudo bem, não se preocupe. Entendi o que quis dizer. Realmente mereço esse premio.  - Abigail riu, dando de ombros. - Mas é realmente agoniante, Noach! Não suporto. - Estremeceu só de pensar nas formas que lhe causavam tanta repulsa sem nenhuma explicação plausível.

Tomou um susto quando o rapaz levantou do puff, lançando um olhar de interrogação para ele, mas logo entendeu ao vê-lo parando na sua frente e estendendo a mão para ela. - Não devo ser uma dançarina tão boa quanto você, mas posso fazer o meu melhor. - Deu seu melhor sorriso, levantou de seu puff e aceitou a mão que Noach lhe oferecia. - Mas acho que não temos musica. - A ruiva reclamou, tudo que se ouvia na sala era o áudio do filme que passava na televisão e suas vozes e respiração, nada que pudesse servir como base para uma dança.

bby sorriu de forma convencida, jogou os cabelos para o lado e piscou para o rapaz - Não precisa de um ótimo professor quando se tem uma aluna aplicada e disposta a aprender. - Ela realmente sempre fora uma boa aluna, aprendia as matérias com facilidade, mesmo quando os professores não eram tão bons, dançar não seria tão difícil. - É, eu canto, só não garanto que seja muito bem. - A ruiva corou, desviou os olhos para seus sapatos que ficaram interessantes de uma hora para outra, sempre sentia vergonha quando alguém pedia para que ela cantasse.

- Cantar sem nenhum instrumento acompanhando não é tão legal. - Contou, se virando para o puff em que estava sentada e que havia deixado seu celular. - Mas posso acompanhar alguma cadas minhas musicas. - Procurou por sua playlist uma musica que a agradasse, encontrando Thinking Out Loud, uma musica um tanto quanto antiga, mas que era lindamente cantada. Colocou o celular novamente encima do puff, deixando a musica tomar conta do ambiente.

Voltou-se para Noach, mordendo seu próprio lábio inferior a garota passou os braços pelo pescoço dele, entrelaçando as mãos atras de sua nuca, era estranho para ela estar tão próxima de um rapaz, sempre mantivera uma distancia segura deles, apenas seu pai e irmão se aproximavam de verdade dela. Soltou a respiração que nem mesmo percebera que estava prendendo, e sorriu para seu noivo, antes de começar a acompanhar a musica. - I'm thinkin' bout how people fall in love in mysterious ways. - A musica estava quase em seu refrão quando Abby começou a cantar, a musica podia não ser otima para dançar, mas era perfeita para o momento. - Maybe just the touch of a hand me, I fall in love with you every single day I just wanna tell you I am. - A ruiva fechou os olhos, sorrindo enquanto cantava.